terça-feira, 10 de agosto de 2010

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Tudo-jogo-de-interesses


__Desde pequena ouvi dizer que o oposto do amor é o ódio. Aparentemente essa palavra é bem viável para ser o antagonismo do amor. Acontece que não percebia, e não parava para analisar - talvez até por minha ingenuidade e/ou falta de experiância própria - que um é a continuação do outro. Quando se interrompe o amor de uma maneira bruta, a sua metade vem para preencher o vazio que fica: o ódio toma conta do amante.
__Atenção! Não confundir raiva com ódio. O primeiro se tem em qualquer situação, o segundo, em minhas hipóteses, só acontece posteriormente ao que chamamos de amor.Como disse Martha Medeiros¹ num de seus textos, "O ódio é também uma maneira de se estar com alguém".
__Acrescida um pouco mais de anos de vida e capacidade de discernimento, achei o amor a cara e a indiferença a coroa. Sim, pois parece óbvio que para a cara é suposto que seja a entrega indicriminada de um ser para outro; entrega de carinho e atenção; entrega de presença física e abstrata. E, para a coroa, é suposto que seja a negação dessas entregas. Mas, mais que isso, é uma ausência de sentimento. Não se pode dizer que se constrói ou destrói algo. Simplesmente não se satisfaz com coisa alguma e não há maneira de atingi-la. Acho que é por esses motivos que questiono se a indiferença é realmente o contrário do amor. O amor é sentimento, é o preenchimento de algo que estava faltando. E para ter outra coisa que seja seu antônimo é preciso substituí-lo, não complementá-lo ou simplesmente deixar ali um vazio. Como disse ainda Martha Medeiros : " A indiferença, se tivesse uma cor, seria cor da água, cor do ar, cor de nada".
___E, finalmente chego ao meu propósito. Antes de tudo refutei as sem razões do amor e seus complementos. Agora falo do que acredito ser veementemente a negação do amor: o interesse. Para mim, digo que o interesse é também um sentimento. Ele substitui o amor em suas mais sinceras intenções. O amor é complexo em sua raiz e definição, mas simples em suas atitudes e em seu reconhecimento. O interesse não, é objetivo e simples quanto a sua definição, mas possui mil facetas em suas intenções. A maneira com que joga é ampla e seus passos são misteriosos. Nunca se sabe fielmente o que a outra pessoa quer. O amor é prolixo, nunca se tem uma definição do por quê de amar; o interesse é pragmático. O amor é transparente,o interesse engana. Acho que o motivo de minhas palavras é um: tenho medo do interesse: de ser enganada: de me entregar ao que me explora: de me machucar com o amor que criei e com o interesse que recebi como resposta.Não que seja altruísta por completo e que seja santa, mas que tenha meus receios para com alguém que suspeito não gostar verdadeiramente de mim. Por favor, se esse alguém me lê, peço que tenha piedade comigo.

¹Martha Medeiros com seu texto "O contrário do amor".

3 comentários:

  1. Lindo o texto! Você me pediu pra usar um texto meu em um de seus posts... seria uma honra! Só peço pra colocar os créditos tbm... e se quiser usar as fotos do post (são personalizadas haha) tbm pode, n tem problema algum. Muito obrigada!! Voltarei sempre!!

    http://orasbolotas.blogspot.com/

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  2. Gostei muito do post, meus parabéns.

    Só acrescento que, além dos interesses, as expectativas também são o contrário do amor. É por elas que construímos algo com alguém e, num piscar de olhos, quando percebemos que o outro não atende às nossas expectativas, levamos tudo ao chão, sem mais nem menos. E a outra pessoa fica sem entender nada, atingida e frustrada, porque nós também desiludimos suas expectativas.

    Isso é o que acaba com o amor.

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