sábado, 19 de fevereiro de 2011

Entreatos

Era o momento, não o que se situava entre a recepção e o adeus. Como numa fita de rebobinar, era o adeus que ansiava pelo retorno, para ser recebido e tudo voltar ao normal. Ou melhor, não era o adeus: era seu fantasma. Algo sem os abraços e beijos que ele sempre carrega consigo, sem mesmo aquele último olhar que traz o receio de esperar alguma resposta de pergunta nenhuma.


E logo veio o desespero do tempo interromper aquela rebobinação. Era a culpa do amor maior. Era o medo do último suspiro, da última cena, do último aplauso e da última visão da plateia que a cortina, ao se fechar, proporciona ao ator.


De repente era fácil perceber: os cílios não respiravam mais...já estavam afogados em lágrimas salgadas. A boca ressecada pelo mar morto que a regava. Pensar? o único pensamento era do instante que não fôra, do momento que se perdera, da infelicidade que se instalou.

O momento que pune, que, enquanto não obtiver seu desfecho, será só mais uma dúvida - uma angústia e nada mais.

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

E eu pergunto e tento. Eu falho e erro. Eu me canso e descanso da luta de conviver. Conviver de bem com o meu modo de passar o tempo e conviver com o peso da consciência. Consciência de ter mais para fazer e aproveitar, de me doar mais à tentativa. O peso de fracassar por causa nobre: meu ego me mantém estática. O peso do tempo que não perdoa. O peso da consciência que a morte não engana.
Vozes passadas soam na mente, soçobrando algo que machuca. A verdade dói.