quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Pensamentos Cartesianos

Em quem acreditar? No que acreditar? Acho que estou numa fase de ceticismo, ou talvez, de inferno astral...se é que ele existe. Não sei mais em quem acreditar...isso é agoniante.
Acontece que acho que o mundo é mais que lógica e razão... não existe só o pensamento, existe também a palavra dos outros: a fé. Ou você acredita no que te dizem (acreditar não signiffica meramente aceitar tudo que lhe é exposto. Me me refiro aqui, acreditar no que não é possível ser comprovado e vai além do mundo material) ou opta por insistir na dúvida. Deixe-me explicar melhor: existe a fé nos sentimentos. Não existe garantias do sentimento de uma pessoa, existem evidências que você pode acreditar ou não...ou talvez nem as evidências existam e é aí que você desconfia ainda mais do sentimento dos outros. Se uma pessoa lhe disser que gosta muito de você: o que fazer? acreditar? ignorar? É tudo uma questão de fé; de confiança. Você nunca terá garantia daquela "verdade" dita pois simplesmente você não é a outra pessoa e não tem como entrar na mente dela.
Acho que talvez seja melhor ficar no éter do que mergulhar no caos que é o questionamento de uma coisa que nunca se obterá uma resposta e que com indagações que não são respondidas nunca, você só se fere cada dia mais.

domingo, 12 de setembro de 2010

O Capitalismo e suas reinvenções

É certo que não se pode vislumbrar uma revolução daqui a cinco ou dez anos, ou quem dirá milênios, que modifique toda a estrutura sócio-ecnômica-cultural de uma sociedade, fazendo com que nós mudemos nosso modo de pensar e agir. Mas, ignorando e ao mesmo tempo reafirmando esta frase, digo que não consigo enxergar outro modo de vida vigente sem ser o capitalismo: é que ele se renova e se constrói cada vez mais forte. Em todas as crises ele se supera e a cada nova invenção ele aumenta suas formas de mais-valia.

As inovações tecnológicas surgem no contexto de se prontificar às demandas desse sistema econômico Dessa forma, na era digital que vivenciamos, assistimos ao soerguimento da internet com todas as suas artemanhas para fortalecer as relações capitalísticas. No início, com um pouco de desconfiança dos internautas, ela lança mão de uma compra e venda onlin, diminuindo tempo e espaço ´para ambos os lados. Fica mais fácil tanto para o vendedor que amplia sua área de influência e seu lucro, quanto para o comprador, que tem acesso a uma maior gama de objetos-alvo para sua utilização, além de poder pesquisar mais facilmente preços de acordo com seu orçamento, ou não - já que o crédito está aí pra isso.

Agora, além dessas transações econômicas online, inventou-se portais para anunciação de serviços e produtos que chamam atenção não por suas propagandas habituais, mas por suas promoções 'anormais'. Todo dia os usuários cadastrados nessas espécies de 'redes sociais de comércio' são avisados de promoções nos mais diversos gêneros (roupas, restaurantes, estética, etc), podendo pegar barganhas de até 90 porcento de desconto.

Sim: o capitalismo parece se superar a cada instante que passa. Esses portais, recentes no Brasil. já são bem comuns nos Estados Unidos - o pai do consumismo. Fica claro que esses novos tentáculos do sistema capitalista corrobora não só seu complexo econômico, porém, mais que isso, seu complexo ideológico. O público espera ansioso pelas novas ofertas que virão, as pessoas veem-se impelidas a participar daquela promoção extraordinária e imperdível, e antes o que era inacessível parea muitas pessoas, torna-se objeto de desejo - e um desejo realizado - que vem para dar forças à ideologia consumista. Essa é a nova reinvenção do capitalismo.

*A propósito, consegui uma promoção ó-ti-ma no peixe urbano!

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Her morning elegance





Ela era muito bonita e muito medrosa. E por ter medo de tudo: de arriscar, de viver, de sonhar, acabou por convir. Fazia as coisas por conveniência: tudo dava certo e tudo ocorria conforme o esperado. Não era abalada por surpresas e não era surpreendida por abalos.
Era tudo muito fácil. Acordava tarde por convir: quem não a esperaria? Chegava ao trabalho atrasada e não dava bom dia...quem se zangaria quando se tem um rosto fascinante para admirar? Sua beleza se comparava a qualquer anestesiante! Namorava um cara de que não amava: simplesmente gostava. Afinal de contas, era conveniente para os dois: ela teria uma compania e ele teria a mulher que amava. Usava as roupas mais caras e bonitas das lojas: tinha dinheiro e sua maior liberdade era fazer as compras do mês. Se alimentava só de salada: era conveniente para sua dieta. Se relacionava com 2 ou 3 pessoas no máximo. Não fazia questão de ter amigos: era conveniente não dar satisfações da sua vida. Dormia por conveniência: era rejuvenescedor para sua pele. Tinha um cachorro: convinha ter um animal de estimação para suprir sua carência emocional.

Até que, conforme os dias passavam, percebia que não era imune ao tempo e à tolerância dos que a rodeavam. O que ela não sabia é que as outras pessoas também tinham suas conveniências. Foi demitida pois não convinha a seu patrão aceitar seu mau humor diário. Seu namorado cansou de dedicar seu amor incondicional a alguém que não mostrava merece-lo. Não convinha mais se vestir com grifes: seu salário se sucumbira. Por conveniência, aprendeu a gostar de um bom feijão com arroz: era mais barato e dava mais sustância. Passou a tentar investir em novas amizades e construir um campo de relacionamentos profissionais, sim, pois precisava de um novo emprego. Seu cachorro falecera por algum motivo qualquer e acabara por enfatizar sua solidão. Suas decepções aumentaram e sua insônia também: convinha à preocupação não deixá-la dormir e presenteá-la com olheiras.


Foi então que percebeu que a vida é mais que uma conveniência. Não tinha sido posta no mundo por que seus pais conviram. A atenção que dedicavam a ela era amor, não conveniência. Percebeu que a vida era feita de escolhase, mais que isso, escolhas difícies e errantes. Mas era muito mais prazeroso e gratificante correr atrás dos seus sonhos, antes perdidos, que convir às coisas que lhe apareciam. Descobriu que antes as migalhas do amor que oferecia a seu amante lhe pareciam agora um sentimento reprimido, porém verdadeiro; e foi sem seu orgulho costumeiro que pediu para reatar. Podia sentir agora o vento em seu rosto, acordava cedo para o batente, ria e sorria sozinha na rua, cumprimentava seus novos companheiros de trabalho e finalmente lutava para mostrar que merecia viver. A única coisa que lhe restara de seu passado conveniente fora sua elegância pela manhã e pelo resto da vida.

domingo, 5 de setembro de 2010

Relatos do lado de cá

Qualquer um que for ao município de Mangaratiba, no Estado do Rio de Janeiro, passará, consequentemente, pela entrada da praia do Saí/Sahy. Mas, se você resolver dar um pit stop para conhecer o local, tirar umas fotos e tomar um banho de mar, provavelmente será detido, a menos que conheça algum morador do local. É que a praia é restrita a moradores.
Numa era de questionamentos públicos, de reivindicações de direitos, por que ninguém se questiona de uma praia se tornar um objeto privado? O que não nos faltam são indícios de um certo sarcasmo com a propriedade pública. Sim, propriedade pública, pois praia é de direito de todos os cidadãos. O que não nos falta são indícios desse abuso, não só o Saí em particular, mas todos os ricos, famosos e empresas de grande porte detentores de ilhas particulares.
Acontece que, tudo é uma questão de ponto de vista. Dependendo do lado em que se está, é completamente viável defender ambas as posições: o de quem é destituído do direito de frequentar a respectiva beleza natural, e os que as frequentam e primam por ela. Todo mundo que está do lado de cá - dos destituídos - quer de alguma forma aproveitar e se sentir incluído numa atração de sua região. quem está do lado de lá - 'detenores do poder" - querem privacidade e, mais que isso, querem cuidar, com a consciência de quem tem a posse, do lugar que está responsável, seu cantinho de repouso.
Indo à praia do Saí dá para entender melhor do que se fala: segurança, limpeza, condomínios bonitos e arrumados e, lógico, por trás de tudo isso, dinheiro que paga toda essa calmaria e privacidade. E é por toda essa qualidade ambiental e habitacional que se mantém frente à ocupação urbana e ao turismo, que se exige essa condição de exclusividade. Não precisa ir muito longe para comparar Saí a outras praias vizinhas: Muriqui já está bem poluída e, Praia Grande, quase deserta em dias comuns, se enche de moradores e famílias viajantes nos feriados, ansiosos por fazer seus churrascos na orla e jogar lixo na praia. Em qualquer feriado de sol, esta fica entupida de gente e o mar, sem nenhuma culpa, se enche de sacos plásticos e até mesmo detritos orgânicos. As estrelas-do-mar antes tão comuns, agora são mais raras de se encontrar.
Não sou bióloga ou coisa parecida, mas são meus relatos pessoais - pouco provável de ser enganada sensivelmente - que conto e trago a vocês para mostrar as mudanças que o homem impele à natureza. Então, apesar de não estar "do lado de lá", entendo o posicionamento de moradores do local. Pode até parecer que educação e respeito à natureza seja um caso de grana/dinheiro- é possível que em parte seja no Brasil - mas não é desculpa para todos os males. Os cartazes e anúncios públicos sempre nos lembram da importância da educação sanitária e, simlpesmente parte da população ignora esses avisos. Não sou preconceituosa ou elitista (estou longe disso), mas quem não quer uma praia limpinha e civilizada para desfrutar?

sexta-feira, 3 de setembro de 2010