quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Das Habilidades

*Houve duas oportunidades em que pude testar minhas habilidades como jogadora. Seguido desses momentos, aparecera um texto que além de me rotular (positivamente), serviu como a carapuça do saci.
*Primeiro aconteceu de estar jogando damas com G. num dia qualquer. O jogo, desmerecido por ele (tenho minhas suposições do por quê) , foi levado com animação por mim. É com modéstia que digo que o superei de lavada e, para não deixá-lo triste, deixei-o fazer algumas poucas damas. Ele, decididamente, mas não com sua admissão, não gostou do jogo por não ter ganho, afinal de contas, segundo o próprio, damas é chato, bobo. E eu, após o triunfo, aproveitei o meu momento de, levemente, zombar dele: por que não ganhara um jogo tão idiota? Vai ver eu era "café-com-leite" e nem sabia...mas isso não muda os fatos: ganhei e pronto!
*A segunda oportunidade veio com minha aula de xadrez, ministrada por G., que segundo ele, sempre ganhava de seu tio, igualmente aprendiz como eu. Assim é fácil ser o nº 1...mas enfim, parti para minha primeira e única aula. Sempre pensara nesse jogo como sendo de nerd, e talvez o seja, pois a quantidade de horas que alguém deve ter que passar estudando as jogadas de cada peça não é mole não. Cada peça tem um jeito de andar, de comer, etc e tal. Ou eu sou realmente lerda, ou realmente se leva algum tempo e prática para assimilar as regras do xadrez. Admito que não consegui levar a partida até o final: a cada jogada que fazia era um integrante de meu "time" que se ia. Achei o jogo chato e de uma forma ou de outra, ele vencera.
*O seguinte fato que procedeu veio para dar a luz a questões não esclarecidas anteriormente. Veio a ocorrer que algum tempo depois, lendo um conto de "Histórias extraordinárias" de E. A. Poe achei o texto que justifica os acontecimentos que se passaram - palavras mais apropriadas não poderia achar, considerando uma questão de coincidência perfeita. O conto intitulado "Os crimes da Rua Morgue" contém tais palavras:
" (...) No entanto calcular não é o mesmo que analisar. Um enxadrista por exemplo, efetua uma dessas coisas sem esforçar-se quanto à outra. Segue-se daí que o jogo de xadrez em seus efeitos sobre o caráter mental, é muito mal compreendido (...) Aproveitei, pois esta ocasião para afirmar que as faculdades mais importantes da inteligência reflexiva agem de maneira mais decisiva e útil no simples jogo de damas do que em toda essa frivolidade complicada do xadrez. Neste último, onde as peças têm movimentos diferentes e estranhos, com valores vários e variáveis, o que é apenas complexo é considerado (erro nada incoomum) profundo. A atenção, aqui, é poderosamente posta em jogo. Se se descuida um instante, e se comete um engabo, os resultados implicam perda ou derrota. Como os movimentos possíveis não são apenas variados, como também complicados, as possibilidades de tais descuidos se multiplicam e, nove em cada dez casos, é o jogador mais atento o que vence, e não o mais perspicaz. No jogo de damas, pelo contrário, onde os movimentos são únicos e têm pouca variação, são diminutas as probabilidades de descuido e, como a atenção quase não é empregada, as vantagens obtidas por uma ou outra das partes são conseguidas devido a uma perspicácia superior. Exemplificando o que dissemos, suponhamos um jogo de damas em que as peças sejam reduzidas a quatro reis e onde, naturalmente, não é de se esperar qualquer descuido, É evidente que, aqui, a vitória só poderá ser decidida (achando-se os jogadores em igualdade de condições) pelo movimento recherché¹ resultante de um determinado esforço de inteligência (...)"

Após este argumentos pude chegar a uma conclusão:

Ele, atencioso; Eu, perspicaz ;)

¹Rebuscado

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