Era o momento, não o que se situava entre a recepção e o adeus. Como numa fita de rebobinar, era o adeus que ansiava pelo retorno, para ser recebido e tudo voltar ao normal. Ou melhor, não era o adeus: era seu fantasma. Algo sem os abraços e beijos que ele sempre carrega consigo, sem mesmo aquele último olhar que traz o receio de esperar alguma resposta de pergunta nenhuma.
E logo veio o desespero do tempo interromper aquela rebobinação. Era a culpa do amor maior. Era o medo do último suspiro, da última cena, do último aplauso e da última visão da plateia que a cortina, ao se fechar, proporciona ao ator.
De repente era fácil perceber: os cílios não respiravam mais...já estavam afogados em lágrimas salgadas. A boca ressecada pelo mar morto que a regava. Pensar? o único pensamento era do instante que não fôra, do momento que se perdera, da infelicidade que se instalou.
O momento que pune, que, enquanto não obtiver seu desfecho, será só mais uma dúvida - uma angústia e nada mais.